Subexposição e Superexposição – Um Guia Para Iniciantes
Existem muitas coisas técnicas necessárias para se estudar fotografia, umas mais complexas e outras bem simples, mas todas são fundamentais para costurar um entendimento que nos dará autonomia para finalmente exercermos nossa criatividade na hora fazer aquela foto que tanto queremos.
Como já disse em outros artigos, conheço fotógrafos que só conseguem bons resultados fotografando no modo automático (quando conseguem condições perfeitas para bons resultados), mas quando envolve o modo manual e conceitos como abertura, velocidade e ISO, torna-se um problema, por não dominarem a técnica, ficam sempre à disposição dos caprichos das suas câmeras. Um verdadeiro desperdício!
Seguindo um esforço contínuo para cobrir o básico da fotografia, sempre estou procurando pelos tópicos mais relevantes que possam te dar uma base técnica consistente e assim garantir uma liberdade artística pra se expressar, que acredito ser esse o nosso grande objetivo quando nos tornamos fotógrafos, não importando em que estágio estamos. Dentro deste contexto, este artigo, do fotógrafo Americana de casamentos Romanas Naryškin discutir o tópico de subexposição e superexposição, um conceito simples, e ao mesmo tempo importantíssimo para a formação do nosso conceito de equilíbrio de luz, além de um ponto de vista que representa o que eu penso em relação ao que é correto em fotografia. Fiz os ajustes que julguei necessário para adequar a uma linguagem simples e direta.
Superexposição e Subexposição – Um Guia Para Iniciantes
Agora, por um lado, não há muito o que discutir – uma explicação simples dos termos é o que interessa à maioria dos fotógrafos iniciantes, mas aqui está minha introdução aparentemente absurda ao artigo – não existe super ou subexposição. É sério.
Porém, antes de filosofarmos, entender os dois termos básicos é necessário, se não for pela criatividade e habilidade de criar fotografias lindas, comoventes e brilhantes, então que seja para sermos capazes de nos comunicar com nossos colegas fotógrafos.
Entendendo os Termos
Como você já deve saber, há três coisas que influenciam o “brilho” de uma imagem em qualquer nível de luz – abertura, velocidade e ISO. Quando tentamos tirar uma foto “corretamente exposta”, o que importa não são as configurações que você escolhe, e sim sua correlação, pois cada uma das três individualmente possui um efeito em tal brilho. Então, por exemplo, se você estiver em um ambiente bem iluminado e escolher usar uma abertura grande (digamos, f/2 ou f/1.4), você precisará compensar com uma velocidade maior do obturador e/ou menor valor de ISO. Se você cometer um erro e fizer uma correlação “errada” entre as configurações, você acabará com uma imagem que não está exposta “corretamente”. Eu explicarei o motivo das aspas mais adiante. Por enquanto, é aqui que entram os termos.
1) O Que é Subexposição?
Uma imagem subexposta é o tipo de fotografia que pode ser considerada muito escura. Aqui está um bom exemplo de tal fotografia:
Note que esta imagem em particular foi exposta de forma diferente durante a captura – eu alterei seu nível de “brilho” usando um software, mas ela ainda é um bom exemplo. Está claramente muito escura e mostra poucos detalhes, apenas as partes mais brilhantes são fáceis de visualizar. E o mais importante, ela parece errada.
2) O Que é Superexposição?
Superexposição é exatamente o oposto do termo definido anteriormente. Uma imagem que é mais brilhante do que deveria ser pode ser considerada com excesso de exposição. Quando muita luz é permitida durante a exposição, o resultado é uma fotografia muito clara. Apenas para que você possa comparar, aqui está a mesma fotografia que eu mostrei agora a pouco, mas ao invés de estar subexposta, ela está com excesso de exposição – superexposta.
Viu a enorme diferença? Enquanto a imagem anterior era muito escura, esta é muito clara, a um ponto em que chega a ficar desagradável de olhar. E ela também possui poucos detalhes fáceis de reconhecer, e não faz justiça aos destaques ou sombras dos objetos capturados.
3) O Que é Exposição Correta?
Este talvez seja o caso mais óbvio e autoexplicativo. Uma imagem corretamente exposta é aquela que parece clara ou escura o suficiente para que tanto as sombras quanto os destaques pareçam naturais e confortáveis de olhar. Teoricamente, tal fotografia não possui destaques ou sombras perdidas, o que significa que todos os detalhes são claramente visíveis e o mais próximos possíveis da “vida real”. A versão seguinte da imagem pode ser considerada como bem exposta.
Como você pode ver, há um bom equilíbrio entre as duas imagens anteriores – não é muito escura e nem muito clara. Há poucos detalhes perdidos, principalmente nas janelas, pois elas refletem muita luz. Considerando que é assim que a imagem deve parecer se você estivesse parado na frente do prédio, você poderia dizer que esta uma visão próxima da “vida real”. Ela poderia ser um pouco mais escura ou um pouco mais clara – geralmente, há limites relativos que decidem a exposição “correta”.
É importante notar que você não pode capturar uma imagem completamente realista em termos de exposição. Isso não é possível – até mesmo quando se usa a técnica HDR (que distorce a imagem de outras formas), embora possamos chegar perto, se esta técnica for bem usada – por causa do alcance dinâmico limitado dos sensores de imagem atuais. Nossos olhos não possuem tais limitações – em qualquer momento (sob o que podemos chamar de circunstâncias normais), nós podemos distinguir tanto destaques quanto sombras em uma cena particular muito melhor do que qualquer câmera. Mas então, isso é parte do charme e uma das coisas que transformam a fotografia em um processo criativo, ao invés de uma representação da realidade.
Todas as Escolhas Criativas
Se tudo o que você queria deste artigo era distinguir entre subexposição e superexposiçao e entender os dois termos, você pode parar de ler agora. Porém, se você estiver pronto para meus artigos de sempre, continue lendo. Porque nada das coisas acima realmente importa, tire isso da sua cabeça.
Quando eu estudava artes multimídias (eu digo como se fosse há muito tempo atrás!), eu tive esta discussão com um dos professores mais brilhantes. Nós falamos sobre se a fotografia, inerentemente, é uma representação da realidade, de eventos reais, personalidades reais, ambientes… reais. Basicamente, se a fotografia é ou não uma mentira. Agora, este é um assunto muito complexo, no qual nós podemos entrar profundamente (uma conhecida minha fez seu bacharelado sobre este assunto). Mas, embora isto seja interessante e instigador, este seria um artigo completamente diferente. Por enquanto, com certas exceções que envolvem muito esforço deliberado do autor, eu acredito que a fotografia realmente é uma mentira e não representa a verdade ou realidade, pelo menos de forma direta. Ou seja, a fotografia é sempre um processo criativo. Mesmo se pessoa estiver tentando “mostrar a realidade”, ela precisa dar certos passos criativos para conseguir isso.
Você pode estar se perguntando o que a subexposição e superexposição tem a ver com isso, e a resposta é simples. Assim como a sua escolha de lente, câmera, alvo, ângulo, tempo, composição, luz, configurações, em cor ou preto e branco, filme ou digital, a exposição é uma escolha criativa que você faz para ajuda-lo a alcançar um objetivo em particular. O que em resposta significa que não há uma exposição correta e, portanto, não há exposição insuficiente ou em excesso.
Tudo o que você tem é a exposição correta ou incorreta para você, para seu objetivo, para o seu trabalho. As configurações da sua câmera que você escolheria para você em certa situação não são as configurações corretas – são apenas uma sugestão de configurações que poderiam ser consideradas as escolhas mais comuns.
A câmera não sabe o que você quer ou precisa, mas você sabe. Você sabe qual parte da fotografia você quer expor “corretamente” para você, e quais partes acabarão muito claras ou muito escuras. Naturalmente, isto não significa que você deva superexpor todo o seu trabalho daqui em diante só por causa disso.
Escolhas criativas só são assim quando você as faz com pensamento, deliberadamente, e apenas quando elas compensam. Então, como você expõe um retrato de uma mulher fotografada em frente a uma janela? Você quer transformar isso em uma silhueta ou expor o rosto da mulher e apagar o fundo, efetivamente isolando-a e removendo o ambiente? Isto é uma escolha.
E isso não ocorre apenas em situações diretas. Geralmente, eu tendo a expor minhas fotografias levemente “à esquerda” – como se eu as “expusesse insuficientemente” um pouquinho. De um ponto de vista puramente técnico da fotografia digital, esta é uma escolha errada, mas eu não me prendo à perfeição técnica tanto assim e prefiro fazer o máximo de trabalho possível durante o processo de captura de imagem e não no pós-processamento. Por que subexpor? Isso pode ter algo a ver com o fato de eu gostar de ambientes mais escuros, mas mais do que tudo, isso me ajuda a enfatizar a sutileza da luz. Para mim, a fotografia é mais sobre a luz do que sobre uma história ou pessoa, e eu gosta dela sútil, eu gosto dela cobrindo meus motivos levemente, mal os cobrindo. Então, eu faço minha escolha criativa.
Como você pode ver, os termos não importam. Sim, eles o ajudam a se comunicar com seus colegas fotógrafos e não se sentir perdido entre pessoas mais técnicas, mas isso não ajuda com a sua criatividade. Não há , na realidade, sub ou superexposição, há apenas o que você precisa, o que você quer alcançar.
Voltando ao que eu disse no início deste artigo, que certos fotógrafos ficam reféns de suas câmeras por não conseguirem dominar a técnica, você percebe que é mais que isso, é preciso colocar a técnica ao seu dispor, você é o artista, a câmera somente uma ferramenta, que como todas outras, é preciso aprender e dominar, mas uma vez feito isso, abre-se um mundo de incríveis possibilidades!
Espero que tenha gostado, se sim, compartilhe com seus amigos!
Boas fotos, e vamos juntos!
Artigo original: PotographyLife.com
Parabéns pelo site, este é como um farol para nos orientar, navegadores incansáveis.
Uma curiosidade, as três fotografias que exemplificam as exposições estão com a mesma receita de abertura, velocidade, ISO aplicadas na mesma lente. Como conseguiram variar a luz deixando todos os recursos iguais?
abraços
Oi Airton, o exif é o mesmo porque a foto original foi feita em Raw e foi escolhido as 3 exposições a partir da original (via software – LR), já que você pode expor novamente no computador sem perder nenhuma informação de luz. Mas realmente deixar a informação pode levantar alguma dúvida, então simplesmente retirei o exif, fica mais simples pra entender.Muitíssimo obrigada pelo comentário!Abraços, Simxer
Nas fotos VC usou Flash?
Nem nas minhas, nem nas fotos do Nasim.Abraços
Li um artigo sobre um limite de tolerância de se subexpor ou superexpor a imagem, para não correr o risco de se perder informações da imagem, como ocorre no caso de estourar a imagem. Como no exemplo das fotos apresentadas que tinham uma configuração diferente da apresentada pela câmera, acredito eu que tenha havido perda da informação da imagem. Concordo com você, que se deve sim, criarmos nossa própria configuração, mas sempre respeitando o limite de tolerância para não estourar ou subexpor demais a imagem. Se não estou enganado, esse limite variava de 3 a 4 pontos. Essa variação depende do arquivo utilizado(no raw a tolerância é maior) e também da câmera. Fica a dica para um novo post sobre esse assunto. Eu, como tantos outros, também estou aprendendo muito com seus artigos. Parabéns pela forma como você passa todos esses ensinamentos.
Obrigada Klaudio, está anotadíssima a sugestão. Obrigada por compartilhar sua opinião!Abraços,Simxer
Sou iniciante na fotografia e em todas as técnicas que são importantíssimas claro. Porém me sinto amarrada ao politicamente correto. Me identifico com o que você disse, gosto da subxposicao, gosto da arte, a câmera para mim é uma ferramenta da qual posso usar minha criatividade, um campo infinito, mágico.
Amei seu post, isso me da liberdade, para criar. Obrigada!!
Que bom Silvia! A arte não pode ser amarrada a conceitos, é preciso liberdade! Por isso é tão importante nós dominarmos a técnica, pra que possamos escolher o que representa melhor nosso olhar.Obrigada por compartilhar sua opinião!Abraços, Simxer
Obrigada Norma! Fiquei muito feliz com seu comentário!
Abraços!!
Parabéns!! Excelente dica/conteúdo! Obrigado!
Eu que agradeço o comentário!
Abraços.
Parabéns!! Excelente dica/conteúdo! Obrigado!
Eu que agradeço o comentário!
Abraços!
SIMXER SOU SUA FÃ DE CARTEINHA, INCRIVEL A SUA FACILIDADE DE TRNSMITIR QUALQUER ASSUNTO, RELACIONADO A FOTOGRAFIA, E SEMPRE UM PRAZER MUITO GRANDE, ASSISTIR SUAS EXPLICAÇÕES.
OBRIGADA, NORMA TAVARES.
olá Simxer
* UMA DÚVIDA; que talvez,…até contribua com a tua postagem e também com os fotógrafos "menos experientes", Pergunta, Realizei DOIS REGISTROS EM RAW de um mesmo tema, UM EM AUTOMÁTICO OUTRO EM MANUAL, (para fazer um teste, tirar uma dúvida) ao PROCESSAR as fotos observei que a Foto Registrada no Automático respondia Menos ao PROCESSAMENTO, enquanto que o Registro em MANUAL a "manipulação" RESPONDEU SATISFATÓRIA-MENTE ?
(o automático corta alguns fatores da imagem, há Algum LIMITADOR NESTA OPÇÃO ?)
Sim Eduino, a foto no automático é em JPEG, uma extensão compactada que joga fora toda a informação que não foi utilizada na hora da foto, ao contrário do RAW que é um mundo de possibilidades. Leia este artigo que você entenderá melhor: fotodicasbrasil.com.br/raw-isso-e-pra-mim/
Abraços,
Simxer
É verdade Simxer. Fotografia é arte e uma cena ou pessoa que é fotografada depende do sentimento que emprestamos ao que observamos. A simples mudança de angulo já traz uma nova visão. Técnica é importante, tanto quanto o sentido emocional que emprestamos ã cena observada. Parabéns pelo artigo. Jeezias
Verdade Jeezias, muito obrigada por compartilhar sua opinião!
Abraços,
Simxer
Mais um belíssimo artigo. Ler o que a Simxer escreve é quase como estar a ouvi-la.Mas já as suas fotos falam com quem as vê por isso não admira que assim seja. Parabéns e obrigado pelos seu ensinamentos.
Eu que agradeço o comentário e leitura Alvaro, fico feliz em saber que gosta.
Abraços!
Beijinhos amiga Simxer
Parabéns pelo post Simxer. Quero deixar aqui meu agradecimento. Talvez muitos que leem as matérias aqui postadas são fotógrafos profissionais, ou que já tem uma caminhada na fotografia, e podem achar que são coisas que todo mundo sabe, mas para mim que ate 2 meses atras não sabia nem o que era iso, suas matérias tem sido de um valor inestimável. Eu e minha esposa compramos uma Nikon 5200 a apenas 2 meses, e como é o sonho dela ser fotógrafa, desde então tenho me dedicado a estudar para poder auxiliá-la. Descobri por acaso O Foto Dicas Brasil, e desde então tenho acompanhado as postagens. Obrigado pelas dicas. Parabéns pelo trabalho.
Obrigada Luciano, a D5200 tem muito potencial e tenho certeza que ela fará fotos incríveis.
O meu curso online é perfeito para iniciantes como ela: fotodicasbrasil.com.br/cursoonline/
e o próximo passo é a pós-produção: fotodicasbrasil.com.br/posproducao
Boas fotos e sejam bem vindos!
Abraços,
Simxer
Bom dia Simxer.
Mais uma vez um óptimo artigo para colmatar mais algumas dúvidas sobre a exposição. Gostei muito pela simplicidade como expôs o assunto.
Um beijinho dos Açores do Carlos Melo
Muito interessante a sua colocação entre o real e a criação coisa que hoje em dia esta dificil de separar, parabéns.
Obrigada Cleber!