Guia Completo de Distância Hiperfocal

Na fotografia existem muitas regras que nos ajudam a conseguir o tão sonhado resultado pretendido pra aquela foto específica, e a Distância Focal é uma delas. Talvez as duas técnicas mais populares nas fotos mais admiradas, estão relacionadas diretamente à distância focal: As fotos com fundo desfocado, e as fotos de paisagem com tudo em foco. A primeira você encontra aqui no site em um artigo diretamente dedicado à ela e a segunda, eu traduzi um artigo do fotógrafo americano Spencer Cox que acredito ser o mais completo pra você aprender a utilizar a Distância Focal na fotografia, e como você já sabe, fiz os ajustes que julguei necessário para facilitar o seu entendimento. Vamos lá?

Lembrando que Distância hiperfocal pode ser um tópico confuso, tanto para fotógrafos iniciantes como para profissionais. Porém, se você quiser tirar as fotos mais precisas possíveis, principalmente fotografias de paisagens, ela é simplesmente imprescindível. Neste artigo, eu explicarei a fotografia hiperfocal e mostrarei vários métodos para conseguir as fotografias mais precisas possíveis com o máximo de profundidade de campo. Este artigo cobre as tabelas de distância hiperfocal, além de outros métodos mais simples para encontrar sua distância hiperfocal.

Entender a Distância Hiperfocal é extremamente importante quando você estiver incorporando objetos próximos na cena, principalmente na fotografia de paisagem. Na foto acima, as rochas no primeiro plano, assim como as Cactos e as montanhas no plano de fundo aparecem aceitavelmente precisas. – ©Spencer Cox

(Note: Embora os métodos apresentados neste artigo sejam bem fáceis de entender, a distância hiperfocal em si pode ser um tópico complexo. Se você for muito iniciante, eu recomendo ler sobre profundidade de campo antes de ler este artigo).

1) O Que é Distância Hiperfocal?

Distância hiperfocal, simplificando, é a distância de foco que fornece às suas fotos a melhor profundidade de campo. Por exemplo, considere uma paisagem onde você quer que tudo – primeiro plano e plano de fundo – apareçam precisamente. Se você focar no primeiro plano, o plano de fundo aparecerá borrado na imagem. E se você focar no plano de fundo, o primeiro plano ficará fora de foco! Como você conserta isso? Simples: você foca em um ponto particular entre o primeiro plano e o plano de fundo, o que faz com que os elementos do primeiro plano e do plano de fundo da cena pareçam consideravelmente nítidos. Este ponto de foco é chamado de distância hiperfocal.

No mundo real, a distância hiperfocal tem um pouco mais de nuances. A definição técnica é a distância de foco mais próxima que permite que objetos no infinito fiquem nítidos e em foco. Com “infinito”, eu estou me referindo a qualquer objeto distante – o horizonte, por exemplo, ou as estrelas à noite. Com esta definição, a distância hiperfocal da sua lente irá variar com a abertura. Por quê? Pense desta forma – se a sua abertura for grande, como a f/2, você precisará focar bem longe para os objetos no infinito aparecerem no foco. Porém, com uma abertura pequena de f/11 ou f/16, objetos distantes continuarão nítidos mesmo se a sua lente estiver focando em lugares mais próximos. Então, com aberturas menores, a distância hiperfocal estará mais próxima da sua lente.

Sua distância focal também causa um grande impacto na distância hiperfocal. Conforme você dá o zoom, sua distância hiperfocal se afasta cada vez mais. Para uma lente de 20mm, você pode precisar focar apenas alguns centímetros longe de sua lente para deixar o horizonte (plano de fundo distante no infinito) aceitavelmente nítido. Por outro lado, para uma lente de 200mm, sua distância hiperfocal pode estar centenas de metros distante.

É importante notar que, se você focar na distância hiperfocal, sua foto ficará nítida a partir da metade desse ponto até o infinito. Então, se sua distância hiperfocal para uma certa abertura e comprimento focal for 3 metros, tudo a partir de 1,5 m até o horizonte aparecerá nítido.

Sony RX100 IV + 24-70mm F1.8-2.8 @ 10.15mm, ISO 200, 1/13, f/11 – ©Spencer Cox

2) Quando Usar a Distância Hiperfocal

Nem todas as fotografias requerem que você foque sua lente em sua distância hiperfocal. Considere, por exemplo, uma visão de uma montanha distante. Se você estiver em um lugar alto e não tiver objetos em seu primeiro plano, seria tolice focar na distância hiperfocal, já que seu objeto mais próximo está no infinito. Ao invés disso, você deve focar nas montanhas distantes! E a sua abertura não importa também – já que o objeto mais próximo está tão distante, você poderia fotografar de modo amplo, se você quiser (provavelmente não é uma boa ideia, já que a maioria das lentes não mostra muito bem os detalhes em aberturas maiores, principalmente perto das bordas do enquadramento. O ideal seria parar a abertura da lente na abertura mais nítida ou sweet “spot”, onde ela tem o melhor desempenho). A distância hiperfocal só é útil quando objetos que estão próximos e distantes de sua lente precisam ficar nítidos. Como você está focando entre esses objetos, nenhum deles fica perfeitamente nítido; ambos ficam simplesmente próximos o suficiente, ou como nós fotógrafos costumamos dizer, “aceitavelmente nítido”. Então, lembre-se disso – quando você não tiver um objeto próximo na cena, você pode ignorar completamente a distância hiperfocal.

Da mesma forma, até mesmo a distância hiperfocal não irá ajudar se você tiver objetos que estão próximos demais de sua lente. Por exemplo, é impossível um objeto distante ficar nítido ao mesmo tempo que um objeto que está a poucos centímetros de sua lente (a menos que você fotografe com um equipamento especializado, como lentes de controle de perspectiva/tilt-shift, por exemplo, entre outros). Ao invés disso, você tem duas opções: você pode usar o empilhamento de foco (tirar várias fotos com diferentes distâncias de foco, depois misturá-las no pós-processamento), ou você pode mover a sua câmera para mais longe do objeto mais próximo. A segunda opção é geralmente a mais utilizada, porque o empilhamento de foco não é uma técnica simples e possui seus próprios revezes e limitações. Quando um elemento do primeiro plano está muito próximo, mudar o foco de próximo para o infinito pode alterar drasticamente o enquadramento (já que muitas lentes mudam o campo de visão quando sua distância de foco é alterada significativamente), o que pode ser problemático de lidar no pós-processamento. Portanto, se isso não prejudicar sua composição, o melhor método é simplesmente mover sua câmera para mais longe do elemento mais próximo do primeiro plano. Dessa forma, você ainda pode capturar toda a cena em uma única foto, sem ter que lidar com outros problemas. Mas, em outros casos, quando você precisa que objetos do primeiro plano e do plano de fundo fiquem simultaneamente nítidos, a distância hiperfocal é o melhor método para conseguir nitidez ao longo do enquadramento – isso garante que você adquira o máximo possível de profundidade de campo de uma cena, o que se traduz em uma fotografia uniformemente nítida.

Quando você estiver fotografando paisagens distantes, você não precisa se preocupar com a distância hiperfocal, já que o foco está configurado para o infinito. – ©Spencer Cox

3) Informações Avançadas Sobre o Plano de Fundo

As seções acima possuem algumas leves simplificações, para facilitar o entendimento dos iniciantes ao tópico. Nesta seção, nós iremos explorar informações mais avançadas sobre o plano de fundo. Eu quero deixar as coisas bem claras caso você esteja procurando por um melhor entendimento da distância hiperfocal.

Na verdade, a fórmula que providencia a distância hiperfocal de uma lente é a seguinte:

Geralmente, você não precisar usar tais fórmulas para tirar fotografias; se você estiver procurando por números específicos, você pode usar um aplicativo ou tabela que já tenha sido criada. Porém, se você estiver interessado na ciência ótica por trás da distância hiperfocal, elas podem ser uma forma valiosa de visualizar suas configurações.

A fórmula acima é por que uma distância focal longa (digamos, 200mm) ou uma abertura grande (digamos, f/2) fazem a sua distância hiperfocal se afastar da câmera. A terceira variável nesta fórmula, o círculo de confusão, é complexo o suficiente para merecer o seu próprio artigo; eu farei apenas um breve resumo aqui. Basicamente, o círculo de confusão – medido em milímetros – representa o tamanho que um ponto de luz pode espalhar no sensor da sua câmera antes que seu borrão seja notado. Tradicionalmente, com a fotografia de filme, o círculo de confusão era considerado 0.03mm para uma imagem de filme 35mm. Este número é baseado na suposição de que uma fotografia seria vista em um tamanho de impressão 20×25 em uma distância de cerca 25 cm por uma pessoa com visão 20/20.

Na prática, principalmente considerando as câmeras de alta resolução de hoje, o círculo de confusão deveria ser muito menor. Geralmente, o círculo de confusão não é algo que você calcula; ele é baseado em testes subjetivos, “nítidos o suficiente” que dependem do tamanho da impressão. Porém, como as câmeras de alta resolução podem imprimir fotos maiores, o valor de 0,03mm não é particularmente preciso hoje, novamente, porque é suposto que uma pessoa estaria olhando para a mesma impressão 20×25! Isto é alvo de debates, mas em nossa opinião, você não deve assumir que o círculo de confusão aceitável deve ser baseado no tamanho do sensor, e sim na resolução do sensor. Por que nós assumiríamos que a pessoa que está fotografando com um sensor de alta resolução irá imprimir algo pequeno? A vantagem de comprar uma câmera de alta resolução não é poder imprimir fotos maiores? Poderia-se argumentar que imprimir fotos maiores não faria diferença, porque a distância de visualização teria que aumentar. Porém, e se alguém quiser olhar todos os pequenos detalhes de uma foto em uma distância muito mais próxima? Muitos de nós fotógrafos de paisagem usam técnicas de fotografia panorâmicas especificamente por este motivo – para sermos capazes de imprimir fotos maiores e com detalhes incríveis! Não é um pouco bobo supor que o círculo de confusão deve ser o mesmo para uma câmera de baixa resolução, como a Nikon D700 (12 MP) e uma câmera de alta resolução, como a Canon 5DS R (50 MP)? Nós sabemos muito bem que até mesmo leves erros no foco e erros de cálculos possuem um papel maior em sensores de alta resolução, porque eles parecem muito mais notáveis quando visualizados em 100% e com impressões grandes! Supondo que tanto a câmera de alta resolução quanto a lente podem criar mais detalhes que uma câmera de resolução menor, e que uma pessoa potencialmente desejaria que seu trabalho fosse visualizado de perto, o círculo de confusão deve variar dependendo da resolução do sensor.

Note diferenças drásticas na resolução e no tamanho de impressão potencial entre um sensor de 12 MP e um sensor de 50 MP.

E o mais interessante é que quase todos os cálculos e tabelas de distância hiperfocal usam o valor padrão de 0.03mm mostrado acima, apesar de diferenças potencialmente enormes na resolução!

Resumindo, quanto maior a resolução, maior o tamanho de impressão e quanto mais próxima a distância de visualização, menor deve ser definido o círculo de confusão aceitável. Por favor, note que outras considerações, como demonstração RGB do sensor, não foram adicionadas à discussão para evitar mais complicação. Poderia-se argumentar que tecnologias de mudança de pixels vistas em algumas das câmeras mais recentes poderiam potencialmente negar os problemas de demonstração.

4) Como Usar Uma Tabela de Distância Hiperfocal

O método mais comum para encontrar a distância hiperfocal de uma foto é usar uma tabela como a abaixo:

Com uma tabela como essa, você controla duas variáveis: sua distância focal e seu valor de abertura. A tabela, em resposta, mostra a você a distância hiperfocal. Ao dividir essa distância em dois, você descobre o objeto mais próximo que ficará em foco. Se você estiver interessado em criar uma tabela de distância hiperfocal mais precisa, você deve calcular seus próprios valores usando a fórmula fornecida na seção anterior; os números acima foram calculados com um círculo de confusão de 0.03mm, que, como notado, nem sempre é o melhor para câmera modernas, impressões maiores e distâncias de visualização mais próximas.

Para usar uma tabela de distância hiperfocal, siga os passos abaixo:

  1. Escolha uma lente, e certifique-se de notar a distância focal que você está usando.
  2. Escolha um valor de abertura.
  3. Encontre a distância hiperfocal que corresponde à sua distância focal e abertura escolhida.
  4. Foque sua lente na distância hiperfocal. Isto pode ser feito por estimativa, ou através da escala de foco em sua lente (se você tiver uma).
  5. Agora, tudo da metade dessa distância até o infinito ficará nítido.

Como você pode adivinhar, há vários aplicativos de smartphones que fazem a mesma coisa – e esses são muito melhores que uma tabela, que leva mais tempo e possui menos valores exatos. Porém, uma tabela ou um aplicativo fazem o mesmo papel; eles providenciam a distância hiperfocal para as configurações de sua câmera.

Infelizmente, há alguns problemas com as tabelas de distância hiperfocal. Para começar, nem todas elas são completamente precisas. Muitas dessas tabelas foram criadas décadas atrás, o que significa que elas foram feitas com fotografia de filme em mente (conforme discutido na seção “Informações Avançadas Sobre o Plano de Fundo” acima). Claramente, tais cálculos estão ultrapassados para os sensores ricos em pixels de hoje. Em particular, essas tabelas provavelmente irão sugerir uma distância hiperfocal que é um pouco próxima demais de sua câmera, resultando em planos de fundo borrados em impressões grandes. O mesmo ocorre com aplicativos de distância hiperfocal.

Honestamente, o principal revés nas tabelas de distância hiperfocal é sua impraticabilidade. Você realmente quer levar uma tabela para o campo quando estiver tirando fotos? Pode levar um tempo para encontrar os valores e focar no lugar certo, principalmente considerando que ela não é tão precisa. Essas tabelas podem ser valiosas se você fotografar com filme, mas a habilidade de analisar suas imagens digitais as tornam geralmente desnecessárias. Não é de se espantar que tantos fotógrafos simplesmente usam tentativa e erro, analisando suas fotos após cada disparo. Porém, há métodos melhores do que esse, que eu mostrarei abaixo.

Note que a nitidez estende desde a rocha mais próxima até as montanhas distantes no plano de fundo
Sony A7R + FE 16-35mm F4 ZA OSS @ 21mm, ISO 100, 1.6 sec, f/16 – ©Spencer Cox

5) Como Usar Uma Escala de Foco

Certas lentes, principalmente as antigas e as de foco manual, possuem escalas de foco no canhão da lente. Dê uma olhada no exemplo abaixo, onde a escala de foco está destacada em vermelho:

(Imagem cortesia de Wikimedia Commons)

 

Essas escalas mostram exatamente quanta profundidade de campo você terá com qualquer abertura, incluindo as distâncias próximas e distantes que aparecerão nítidas. No caso acima, a f/11, a cena possui uma profundidade de campo de um a dois metros de distância.

Infelizmente, nem todas as lentes possuem escalas de foco, e muitos fabricantes estão se afastando desse recurso em lentes mais baratas. Algumas lentes que possuem escalas de foco, incluindo muitas lentes modernas de foco automático, apenas mostram um ou dois valores de abertura. Lentes de zoom são ainda mais problemáticas. Embora alguns zooms modernos tenham escalas de foco, muitos não incluem valores de abertura, já que esses números não poderiam ser precisos simultaneamente nos dois extremos da faixa de zoom. (Algumas lentes antigas de zoom push-pull na verdade possuem escalas de foco pintadas no canhão, que continuam precisas conforme a lente dá o zoom.) Porém, se você tiver sorte o suficiente para ter uma lente com escala de foco, siga os passos abaixo para encontrar sua distância hiperfocal:

  1. Escolha um valor de abertura para a fotografia, levando em consideração a profundidade de campo que você precisa.
  2. Haverá duas marcas em sua lente que correspondem à distância da profundidade de campo, como mostrado acima. Alinhe uma dessas marcas no ponto no centro do sinal ∞. (Embora isso não seja óbvio na fotografia, a escala de foco irá girar de lado a lado conforme a lente é focada.)
  3. A outra marca irá especificar onde sua profundidade de campo pára. Agora, você estará focado no ponto de distância hiperfocal.

Infelizmente, assim como nas tabelas de distância hiperfocal, essas escalas possuem alguns problemas. O mais significativo é que elas, também, são baseadas em um círculo de confusão de 0.03mm, o que significa que suas fotos podem ter planos de fundo levemente borrados em impressões maiores. Nem todas as escalas de foco são completamente precisas também, e algumas lentes trocam suas distâncias de foco em temperaturas extremas. Para ver se sua lente possui uma escala de foco precisa, você precisa simplesmente testá-la.

Porém, se você fotografar com uma lente que possui uma escala de foco, ela com certeza pode ser uma técnica valiosa para ter à sua disposição. Esta pode ser a forma mais rápida de encontrar sua distância hiperfocal, e ela não requer uma tabela externa ou aplicativo. Apenas certifique-se de testar suas lentes com antecedência; este método pode não ser preciso o suficiente para seus propósitos.

NIKON D800E + 20mm f/1.8 @ 20mm, ISO 100, 1/1, f/11.0 – ©Spencer Cox

6) O Método do Dobro da Distância

O método mais simples para encontrar sua distância hiperfocal, é baseado nas propriedades que eu já discuti. Lembre-se que tudo a partir da metade de sua distância hiperfocal até o infinito está em foco; então, para encontrar a distância hiperfocal para uma cena específica, você pode simplesmente dobrar a distância entre sua lente e o objeto mais próximo em sua fotografia. Por exemplo, se eu quiser uma flor que está 1,5 m de distância fique nítida (junto com o plano de fundo), minha distância hiperfocal é 3 metros

Então, para usar este método, siga os passos abaixo:

  1. Olhe para a cena que você está fotografando. Encontre o objeto mais próximo que deve parecer nítido, e estime a distância de sua câmera. Se você teve dificuldade para estimar a distância do visor da câmera, pode ser mais fácil mover para o lado da câmera enquanto ela está montada em um tripé para estimar mais precisamente a distância.
  2. Dobre esta estimativa para encontrar sua distância hiperfocal.
  3. Foque sua lente na distância hiperfocal. Isto pode ser feito por estimativa, ou usando a escala de foco em sua lente (se você tiver uma e confiar nela).
  4. Pare a sua abertura para aumentar a profundidade de campo. Você pode estimar a abertura correta (que, para lentes de ângulos amplos, frequentemente será próximo de f/8 ou f/11), ou analise a foto resultante para garantir que tudo está nítido.
  5. Agora, tudo a partir da metade dessa distância (que é onde está seu objeto do primeiro plano) até o infinito ficará nítido.

Este é um truque incrivelmente fácil de lembrar, o que o torna muito útil. É claro, você precisa aprender como fazer estimativa de distâncias, mas isto é bem fácil. Se você tiver uma lente com uma escala de foco precisa, você pode simplesmente usá-la para medir a distância até o seu objeto mais próximo após focar nele (de preferência com visualização ao vivo e com zoom, para obter melhor precisão). Os benefícios deste método são claros: ele não requer que você carregue uma tabela, e ele pode ser mais preciso que os valores apresentados em uma tabela de distância hiperfocal. Até mesmo suas habilidades para tirar estimativas da distância de foco irão melhorar com o tempo, o que torna este um método muito útil e acima de tudo, muito rápido.

Dunas de Mesquita no Pôr do Sol
NIKON D5500 + 16-28mm f/2.8 @ 16mm, ISO 100, 1/4, f/11 – ©Spencer Cox

7) O Método do Foco Infinito com Visualização ao Vivo

Outro método para encontrar sua distância hiperfocal, e um que pode ser tão preciso quanto o método acima, é focar sua lente no infinito, ou no ponto mais distante no plano de fundo da sua fotografia (o ideal seria usar a visualização ao vivo com o zoom, já configurado na abertura que você planeja usar). Tire uma foto, depois analise a imagem na tela LCD. Ao aumentar a imagem em 100% e começar a mover para baixo no plano de fundo onde você focou no primeiro plano, você pode encontrar o lugar que começou a ficar borrado. Esse ponto – o ponto mais próximo que parece aceitavelmente nítido na fotografia – é sua distância hiperfocal.

Para usar este método, siga os passos abaixo:

  1. Tire uma foto, configure na abertura que você planeja usar, focado no objeto do plano de fundo mais afastado em sua imagem.
  2. Analise a imagem resultante em uma grande ampliação (de preferência com zoom 100%). Desça a foto até você encontrar o ponto mais próximo que ainda pareça aceitavelmente nítido (tudo após este ponto até o primeiro plano deve parecer borrado). Este ponto é a distância hiperfocal.
  3. Foque sua lente neste ponto. Certifique-se de não mudar sua abertura.
  4. Agora, tudo a partir da metade dessa distância até o infinito ficará nítido.

Este método também não é completamente perfeito. O principal problema é o termo “aceitavelmente nítido”. Isto significa diferentes coisas para diferentes pessoas. Aquelas com problemas de visão podem ter problemas ao olharem para uma imagem ampliada em uma pequena tela LCD para decidir o que é nítido e o que não é, e visualizar imagens no LCD da câmera pode não ser o ideal durante o dia também. Também é um problema quando a sua pré-visualização JPG está com excesso de nitidez. Mesmo se você fotografar em RAW, que você deveria, as configurações de JPEG em sua câmera (menu “Controle de Imagem” na Nikon ou menu “Estilos de Imagem” na Canon) afetam a aparência das fotografias em sua tela LCD. Isto ocorre com qualquer que seja a sua câmera. O problema é que a configuração de “Nitidez” da pré-visualização de JPEG pode estar alta demais. Basicamente, isto pode enganá-lo, fazendo-o pensar que uma área está mais nítida do que realmente está. Neste caso em particular, um alto valor de nitidez pode sugerir que um objeto está nítido, mesmo quando está fora de foco; isto afeta a precisão de seu valor de distância hiperfocal. Minha recomendação é não aumentar muito o valor de nitidez, o que pode tornar a tela LCD bem mais precisa para avaliar a nitidez nas imagens.

Por fim, é importante notar que este método pode precisar de um tempo para ser usado perfeitamente. O método do “Dobro da Distância” é bem mais rápido, o que fornece a você mais tempo parar tirar fotos se você estiver com pressa. Porém, se precisão for o seu objetivo, este método é o melhor – supondo que você tenha reduzido a nitidez na pré-visualização de JPEG.

Pôr do Sol no Campo Ajloun
NIKON D750 + 15-30mm f/2.8 @ 15mm, ISO 200, 5 sec, f/16 – ©Spencer Cox

8) O Método do Foco Embaçado

Minha técnica pessoal favorita para encontrar a distância hiperfocal é bem simples, embora ela venha com sua própria lista de ressalvas. Para este método, eu uso o modo de visualização ao vivo com a maior abertura que minha lente oferece. Então, eu foco a lente para que tanto o primeiro plano quanto o plano de fundo fiquem igualmente embaçados – essa distância de foco é basicamente a distância hiperfocal.

Para usar esta técnica, siga os passos abaixo:

  1. Mude sua lente para foco manual.
  2. Mude para a maior abertura em sua lente (geralmente algo entre f/1.8 a f/4).
  3. Ligue a visualização ao vivo.
  4. Foque sua lente para que o objeto mais próximo e o objeto mais distante em sua 0cena fiquem igualmente embaçados.
  5. Não mexa mais em seu foco (já configurado para sua distância hiperfocal) e configure a abertura desejada da lente. Agora, tudo a partir da metada da distância hiperfocal até o infinito ficará nítido.

Digamos, por exemplo, que você está tentando fotografar uma rocha próxima na frente de uma montanha distante. Tudo o que você precisa fazer é mudar para a maior abertura da sua lente na visualização ao vivo, depois mudar o foco, até a rocha e a montanha ficarem igualmente embaçadas. Nenhuma delas ficará nítida – você está simplesmente encontrando o lugar que torna o tamanho do círculo de confusão, ou o borrão que você vê, igual. Dê uma olhada na foto abaixo:

NIKON D800E + 20mm f/1.8 @ 20mm, ISO 100, 1/125, f/1.8 – ©Spencer Cox

A fotografia acima foi tirada a f/1.8 com uma lente 20mm. É por isso que nem o primeiro plano e nem o plano de fundo estão em foco. Porém, ambos estão igualmente fora de foco; nenhum está mais embaçado que o outro. Isto é algo bom! Isto significa que eu encontrei a distância hiperfocal da paisagem. Após tirar esta foto para propósitos ilustrativos, eu mudei para uma abertura de f/16 para a foto abaixo:

NIKON D800E + 20mm f/1.8 @ 20mm, ISO 100, 1/3, f/16.0 – ©Spencer Cox

Esta foto parece muito melhor, mas vamos ver um recorte do primeiro plano e do plano de fundo para ter certeza:

Esta foto é exatamente o que eu quero. Apesar da paisagem incluir uma grande variedade de distâncias – a rocha do primeiro plano estava cerca de 60 cm da minha lente – tudo está aceitavelmente nítido na fotografia final. Por favor, note que aqui eu usei uma abertura de f/16. Embora isto adicione alguns borrões devido à difração, a distância de foco é tão grande que isto mal deixa o primeiro plano e o plano de fundo em um nível aceitável de nitidez. O ideal seria um empilhamento de focos a f/5.6 ou f/8 para o máximo de nitidez.

É claro, o método do “foco embaçado” não é perfeito. Ele depende na estimativa da nitidez baseada simplesmente em uma tela LCD de 7,5 cm, e nem todas as lentes possuem uma abertura grande o suficiente para mostrar borrões claros. Mas, o principal problema com o método do foco embaçado ocorre se sua lente exibir uma mudança de foco notável. Se este for o caso, a distância de foco da sua lente irá mudar como se tivesse sido parada. Eu tenho sorte da minha Nikon 20mm f/1.8G não mostrar uma mudança de foco significativa, e é por isso que a imagem acima está nítida, mas o mesmo pode não ocorrer com seu equipamento. Lentes com mudança de foco visível não funcionam com este método – seu primeiro plano e plano de fundo podem ficar igualmente embaçados em f/2, por exemplo, mas parar em f/8 pode mudar o foco para que o primeiro plano fique notavelmente mais borrado que o plano de fundo. Isso seria um grande problema!

Sua lente exibe mudança de foco? Isto é algo que você pode testar sozinho, ou talvez ler em análises de lentes. Se você estiver em dúvida, não use o método do foco embaçado; os métodos do “Dobro da Distância” e do “Foco Infinito com Visualização Ao Vivo” também são extremamente precisos, e eles não variam para lentes com mudança de foco.

Também é importante notar que algumas câmeras (principalmente DSLRs para iniciantes) não permitem que você mude a abertura de sua câmera manualmente na visualização ao vivo. Se este for o caso para você, o método do Foco Embaçado infelizmente não irá funcionar.

Cores de Wadi Rum
Sony A7R + FE 24-240mm F3.5-6.3 OSS @ 24mm, ISO 160, 1/60, f/8.0 – ©Spencer Cox

9) Foco em Tela Dividida

Algumas câmeras novas, como a Nikon D810, incluem um Zoom em Display de Tela Dividida muito útil. Com este recurso habilitado, você pode ampliar duas partes diferentes da tela de visualização ao vivo da sua câmera simultaneamente. Basicamente, o foco em Tela Dividia permite que você veja simultaneamente a nitidez de seu primeiro plano e plano de fundo; isto permite que você foque manualmente até que ambos fiquem igualmente nítidos.

Infelizmente, há uma pegadinha. Este recurso divide apenas a tela em metade direita e esquerda, o que não é muito útil para fotografias de paisagem horizontais. Porém, se você tirar uma foto vertical, isto é muito útil (e se você fotografar com um controle de perspectiva/lente tilt-shift, a tela dividida é inestimável!). A tela esquerda se torna o primeiro plano embaixo, enquanto a tela direita se torna o plano de fundo no topo. Seria maravilhoso se a Nikon melhorasse ainda mais esta funcionalidade, permitindo que as duas áreas divididas sejam posicionadas tanto verticalmente quanto horizontalmente. Esta seria a melhor forma e a mais usada para encontrar a distância hiperfocal nas imagens.

Se você não tiver uma câmera com este recurso, qualquer um dos outros métodos listados acima podem ser bem sucedidos; eles simplesmente requerem mais tempo.

10) Nível de Precisão

Honestamente, nenhuma das técnicas acima é perfeita. Todas elas exigem que você faça estimativa de distâncias ou entre na visualização ao vivo de sua câmera, e nenhuma delas o ajuda a decidir quais valores de abertura usar para obter a fotografia mais nítida. Na verdade, buscar a nitidez perfeita pode ser um jogo que não se pode vencer. Para quase todas as fotos que você tirar, “próximo o suficiente” provavelmente será mais que o suficiente. Se uma precisão perfeita for crucial, você deveria analisar suas fotos para obter nitidez perfeita com zoom 100%. Isto ocorre principalmente nas situações mais extremas, como uma paisagem que está a alguns metros na frente de sua lente até o infinito. Neste caso, uma precisão que não seja perfeita resultará em borrões em uma impressão maior.

Porém, para fotografias do dia a dia, as técnicas neste artigo fornecerão uma distância hiperfocal que é bem precisa. E o mais importante, estes técnicas não dependem de tabelas ou aplicativos externos; elas são fáceis de fazer na câmera, e são bem rápidas com a prática.

Reflexo do Nascer do Sol em Badwater
PENTAX 645Z + smc PENTAX-FA645 45-85mm F4.5 @ 60mm, ISO 100, 1/1, f/16 – ©Spencer Cox

Conclusão

A distância hiperfocal é basicamente tão complicada quanto você quer que ela seja. Se você se importar com o círculo de confusão e a precisão do nível de pixels, isto funciona para você; outros fotógrafos ficarão contentes em focar aproximadamente entre o primeiro plano e o plano de fundo, e todos sairão felizes. Porém, há alguns métodos para encontrar a distância hiperfocal que podem ajudar qualquer fotógrafo de paisagens, e algumas delas são bem fáceis de usar. Resumindo cada método:

Tabelas de Distância Hiperfocal: Geralmente obsoletas e não muito práticas, a menos que você use uma câmera de filme. Seus números são baseados em pequenas impressões e podem não ser muito precisos para o mundo de câmeras de alta resolução de hoje.

Usar uma Escala de Foco: Rápido e fácil se sua lente tiver uma, mas os números sugeridos são baseados em pequenas impressões. Certifique-se que sua escala é precisa antes de usar esta técnica no mundo real. Boa para uma estimativa rápida, mas não tão precisa quanto os métodos abaixo.

Método do Dobro da Distância: A forma mais rápida de fazer uma estimativa de sua distância hiperfocal, mas ela depende de sua habilidade de fazer estimativa de distâncias. Com a prática, este pode ser o melhor método para encontrar sua distância hiperfocal.

Método do Foco Infinito com Visualização Ao Vivo: Esta é uma forma bem precisa para descobrir sua distância hiperfocal para uma certa abertura, mas leva um tempo para fazer todos os passos. Você precisa analisar cada imagem para encontrar o último ponto de nitidez “aceitável”, que é algo subjetivo (e depende da configuração de nitidez em sua pré-visualização de JPEG, mesmo se você fotografar com RAW).

Método do Foco Embaçado: Este método é bem rápido e geralmente preciso, mas requer que sua lente não tenha problemas de mudança de foco significativos. Além disso, isto só funciona em câmeras que permitem que você mude sua abertura na visualização ao vivo.

Foco em Tela Dividida: Este método é o mais preciso, mas ele só funciona para fotos verticais com as câmeras mais novas, como a Nikon D810. Se você puder usar o Foco em Tela Dividida, você não precisa se preocupar com a distância hiperfocal; simplesmente mude suas configurações de foco e abertura até o primeiro plano e o plano de fundo estiverem o mais precisos possível.

Eu espero que este artigo providencie um conceito sólido sobre a distância hiperfocal e você possa conseguir evoluir mais ainda na sua jornada fotográfica!

Até a próxima e vamos juntos!

 

Artigo original: PotographyLife.com

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14 Resultados

  1. João de Deus disse:

    Adorei as dicas estou começando a entender as técnicas de fotografar

    • simxer disse:

      Que bom João, aqui tem muito conteúdo que pode te ajudar, seja bem-vindo!
      Abraços,
      Simxer

  2. spencercoxphoto disse:

    Hi Simxer, as the author of the English version of this article, I want to say thank you for going through the effort to do this translation! I am always happy to see the posts spread to a wider audience 🙂

    • fotodicasbrasil disse:

      Hi Spencer, the pleasure is mine!I love photography, and I love to publish quality articles like yours.Regards, Simxer.​:)

  3. Marcelo Nepomuceno disse:

    Até agora um dos melhores artigos sobre fotografia que eu já li. Muito bom, mesmo!

    • fotodicasbrasil disse:

      Que bom Marcelo! Obrigada pelo feedback!
      Abraços,
      Simxer

  4. Paulo Chagas disse:

    [Sony RX100 IV + 24-70mm F1.8-2.8 @ 10.15mm, ISO 200, 1/13, f/11 – ©Spencer Cox]

    Na segunda imagem que ilustra o artigo, uma paisagem desértica de areias brancas, como foi possível utilizar uma profundidade de campo de 10.15mm se a lente espetada numa Sony era 24-70mm?

    • fotodicasbrasil disse:

      Oi Paulo, simples, por causa do tamanho do sensor da RX100 iV (1″ – 13.2 x 8.8 mm), se comparado a um sensor Full Frame (36 x 24 mm), a distância focal seria de 28mm.

      Abraços,
      Simxer

  5. Rodrigo disse:

    Excelente artigo Simxer, como sempre com ótimas dicas.
    Obrigado por compartilha-las.

    • fotodicasbrasil disse:

      Eu que agradeço a companhia! 🙂

  6. getulio disse:

    Muito obrigado pelo artigo. Li é excelente! Porém, eu usarei o Método do Dobro da Distância.
    Li, no seu site, A Regra 500 – fantástica! Outros artigos, 'Desfocar o fundo…', 'Retratos…', "Triângulo de Exposição', etc. Eu sou fotografo iniciante, tenho uma Canon T5i, de entrada,+ lentes 18-55mm + 55-250mm(fotografo de aves) + tripé, Controle Remoto etc. Chegou, ontem, lente canon 24mm(para paisagens). Hoje teste, teste, teste.
    Mas, por favor, uma dica …Dúvida:eu vou fotografar 'Amanhecer' Manual-Abertura e Velocidade?(mais ou menos f/11, 1/20?! eu ajusto para mais ou para menos, ok? ( lente 24mm-Iso 100.)
    Agradeço, novamente, por dividir seu imenso conhecimento e experiências comigo e todos!
    Abraço
    José Getúlio de Oliveira

  7. getulio disse:

    Muito obrigado pelo artigo. Li é excelente! Porém, eu usarei o Método do Dobro da Distância.
    Li, no seu site, A Regra 500 – fantástica! Outros artigos, 'Desfocar o fundo…', 'Retratos…', "Triângulo de Exposição', etc. Eu sou fotografo iniciante, tenho uma Canon T5i, de entrada,+ lentes 18-55mm + 55-250mm(fotografo de aves) + tripé, etc. Chegou, hoje, lente 24mm(para paisagens). Amanhã teste, teste, teste.
    Agradeço, novamente, por dividir seu imenso conhecimento e experiências comigo e todos!
    Abraço
    José Getúlio de Oliveira

    • fotodicasbrasil disse:

      Obrigada José!!! Já percebi que além de amante da fotografia, você se dedica bastante estudando e isso faz uma enorme diferença em resultados. Parabéns e obrigada por compartilhar sua opinião!Grande abraço,Simxer

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